A gente não casa, não tem um relacionamento firme, mas está grávida, e agora?
Os amigos não sabem pra onde te chamar pra ir. A gente não sabe onde ir. E agora? Não bebo, não vou sair pra pegar geral, nem pra pegar íntimo e se uma briga acontecer? E se eu passar mal de enjôo, tontura, dor, dor de cabeça, sono ou qualquer coisa?
O jeito é esperar e me dedicar a programas mais ligths. Mas e o meu assunto? Só falo de gravidez, de bebês, não sei falar de outra coisa, minha vida gira em torno disso. E agora?
É complicado. Achei que não seria, mas é! A gente entra um atmosfera, quase que uma bolha e o mundo lá fora é estranho e se torna perigoso demais. Ir ao cinema? Claro! Mas se chove? Não de dá pegar ônibus. Ou ir no aniversário de uma amiga? Bacanissimo, mas na hora sua cabeça resolve doer, seu estômago se revolta ou vem uma tontura absurda ou um cansaço devastador.
Com tantas declinações de convites pra sair, os amigos não sabem mais pra onde te chamar pra ir. Ficam confusos, afinal, estou grávida!
Minha mãe saiu muito durante a gravidez. Mas ela tinha o marido dela ao lado, faziam tudo juntos. Se eles saíssem e ela passava mal, era um "problema" dos dois, pois era filho dos dois e não interferiam na diversão de ninguém. Além de que meu pai cuidava muito para que minha mãe não caísse, não se machucasse, pra que ninguém ferisse a barriga dela. Sim, esses medos eu tenho quando saio de não ter quem cuide de mim.
A gestação deixa a gente muito sensível. A gente quer segurança, quer ser amada, em dobro. Segurança em todos os lugares, em todos os pontos. Acho que isso é uma das poucas coisas que posso controlar nessa minha vida, evitar que alguma coisa de ruim imprevista como levar um tombo, possa prejudicar meu bebê. Acho que estou criando fobia de sair de casa.
Decidi que o melhor a fazer era fazer da minha gestação a minha vida social. Passo horas na net com pessoas que nunca vi para trocar informações sobre a gestação. Vou ao locais onde vendem coisas de bebê para me informar, me distrair. A net tem sido minha maior influência para o mundo lá fora. Os assuntos que não dizem respeito a isso não me interessam muito. Fiquei meio prepotente. Ninguém merece. São tantos os sérios problemas que tenho enfrentado nesses meses que qualquer outro me parece muito pequeno, muito fácil de resolver e isso não é bem assim. Cada um tem seu problema e seu problema sempre é muito importante, independente dos meus serem quase insolucionáveis.
Não estou triste, nem me sinto perdendo nada. Não me sinto sozinha, nem um pouco, tenho boas pessoas ao meu redor. Mas é estranho ver uma pessoa como eu, sempre tão sociável, sempre em festas, saindo disso tudo. Não acho que era melhor antes. Uma das coisas que sempre ouvi é que filho faz a gente perder coisas da vida. Eu concordava, mas era uma estupidez. Como podia dizer isso se nunca tinha tido filhos? Eu não me sinto perdendo nada, só sinto que mudou muito e muito rápido e que queria ser mais segura pra poder curtir algumas coisas com minhas amigas e amigos com meu filho dentro da minha barriga.
Quem sabe se a situação fosse outra, se eu não estivesse tão dependente dos outros eu estivesse mais forte. Espero que isso acabe logo que o bebê nascer, pois quero passear muito com ele na rua e nos lugares todos. E também tendo minha vida financeira de volta isso melhore!
É isso, acho que quando o resto da vida está incerto, estou tornando minha vida social segura, pelo menos isso eu tenho de ter de segurança!
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