quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A geração da mãe a geração do filho

Trinta e três semanas de gestação e as que seguem serão de espera. A qualquer momento João Gabriel nascerá.

Estranho, não fiz muita coisa que queria. Não passei por muitas experiências que queria. Não sei como é fazer sexo barriguda, não sai pra dançar, não fiz praticamente nada que não fosse referente a minha gravidez.
Experiência fora, sabe?

Dentro, quanto coisa. Não é só a coisa da barriga crescendo, dos seios aumentando e escurecendo, do bebê mexendo, dos desconfortos.É muito mais dentro. Dentro mesmo.

Nada saiu conforme o esperado e ao mesmo tempo tudo tem ido muito bem. Tinha um trabalho bacana, embora em experiência, tinha um marido que seria pai do meu filho (e é pai do meu filho), teria uma casa, moraria com alguém e com essa pessoa compartilharia todos os meus momentos.

A realidade é que fiquei na casa dos meus pais, tendo que adaptar um minusculo quarto que mal me cabe dentro pra abrigar outro serzinho. Sem emprego, dependendo do que o pai do meu filho me manda por mês, sem qualquer segurança de futuro. Desesperadora essa parte. Não tenho perspectiva de emprego, não sei onde deixar meu filho assim que eu começar a trabalhar, fiquei sozinha, sozinha com um filho pra criar. Mal me crio eu.

São decisões tomadas diariamente pra chegada do meu amorzinho.

Mudança sempre vem de dor. Gerar uma mãe não é nada facil, bem mais dificil, bem mais dificil que gerar o filho.

O filho em si, só causa alegria, contentamento, felicidade. É essa mãe que me traz problemas. Que mãe é essa, né? Que mãe sou eu. A mãe não está pronta, dizem que ela vem quando o bebê nascer. Mas a mãe sofre, cada degrau que sobe, desce dois. Pesa mais que a barriga. Machuca mais que a bexiga. Como dói a mudança de filha pra mãe. Como a mãe se desespera pra sair, pra desabrochar. A mãe pensa demais, a mãe se culpa demais.

O filho é uma benção. É como estar na praia em um dia de verão, bem cedinho, com cadeira, palavras cruzadas, vendo o sol nascer bem grande nas águas do mar, com aquele arzinho geladinho que o sol ainda não esquentou, ouvindo o barulho das ondas, sentindo o cheiro do mar (coisa brega, rsrs). Aquela sensação de paz, de beleza que a gente não cansa de olhar e se sente privilegiado em poder contemplar com todos os cinco sentidos toda aquela maravilha, tão bom que todos os problemas somem. E a gente só sorri e tem a sensação de felicidade.

Tanta experiência diferente. Querer engravidar é querer mergulhar em um estado profundo de auto conhecimento, de perdão a si mesmo, de abertura pra novas coisas, de aceitação do que foi e do que será.

Aquela figura que se vê da mulher gravida acarinhando a barriga com um belo sorriso nos labios e olhos languidos não mostra a mãe que está ali.

Quando a mãe fala, muitos torcem o nariz. Não se pode falar certas coisas porque o bebê está sentindo. Então a mãe se esconde e deixa transparecer o filho gerado e a beleza que é esse filho em geração.

A gravidez é isso pra mim: uma felicidade inexplicável pela geração do filho e uma tortura absurda pela geração da mãe. A mãe quer ser mãe, sim. Adora isso, mas o processo de desabrochar é bem, bem, bem sofrido.

Começo falando uma coisa e termino falando outra hahahahahahaha.

Genteee quando será que o João Gabriel vai querer nascer????
Estou muito, muito ansiosa!

2 comentários:

  1. esse foi o post mais lindoq vc escreveu...
    Tia Is

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  2. Queria muito que estivesses aqui comigo, o bom é que te sinto sempre perto, não suma de mim!
    Beijos

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